Monday, October 13, 2014

Todo Dia, por David Levithan



Sinopse
Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

     Este é um livro que sempre estive curiosa para ler. Enredos não-cliché e com uma história bem diferente das ficções normais que sempre encontramos abarrotando as prateleiras das livrarias sempre me atraem demasiadamente. Não fui desapontada nem um pouquinho, apesar de a história ter tomado um rumo bem diferente do que era o esperado. 
     A é uma pessoa, um ser humano. Desde seu primeiro dia de vida, ele troca de corpo a cada dia, vivendo a vida de uma pessoa diferente a cada 24h. Há dias que ele é menino, menina, gay, nego, branco, baixo, gordo, alto e por aí vai. Sempre foi assim para ele; no início ele pensava que a vida de todos era assim, até notar que as pessoas faziam planos contando com o dia de amanhã: "Amanhã a gente se vê", " Vamos sair amanhã a noite". Ele sempre entra no corpo de pessoas com a mesma idade que a sua, e tem acesso aos pensamentos e fatos delas, mas não de seus sentimentos sobre tais fatos.
     Com o tempo, A criou para si uma regra fundamental de vivência: não interferir. Observando como cada detalhe, cada alteração que ele causa na vida das pessoas que habita pode causar um verdadeiro rebuliço, ele resolve não interferir; simplesmente viver aquele dia como a pessoa viveria se estivesse em controle de sua mente. Com o passar dos anos - agora 16 - ele já se acostumara. Já reconhece a vida e a personalidade de seus hospedeiros logo de manhã, quando acorda; reconhece o tipo de corpo, se é um enfermo, alguém muito pesado, alguém em depressão, ou alguém somente feliz. No caso destes primeiros ele torce para o dia passar rápido, visto que ele vive uma vida a cada dia. É só por um dia.
     Ao acordar no corpo de Justin, e conhecer sua namorada Rhiannon, o sentido de muitas coisas mudam para A. Ainda no copo de Justin ele se apaixona por ela, e a pós alguns dias decide contar a ela sobre sua vida. Nunca havia feito isso antes, e de repente já estava lá se mostrando e se abrindo para ela, que só pôde comprovar sua veracidade nas mudanças que cada dia proporcionava. Daí em diante a vida de A resume-se em lutar para se encontrar com Rhiannon a cada 24h, e tentar tomar um rumo mais sólido pra sua vida, tendo alguém que o conhece pela primeira vez na vida.
     "Todo Dia" proporciona ao leitor uma perspectiva incrível de mundo, uma vez que o protagonista tem a possibilidade de transmitir a vida pela visão de pessoas muito diferentes, de todos os tipos. É uma história que aguça muito a curiosidade, principalmente por seu enredo ser rico e inédito no mercado literário. Um ponto negativo que eu achei exagero do autor foi na abordagem sobre os homossexuais. David Levithan possui um histórico de várias obras gays publicadas, e, parece que para fazer jus a tal título, ele bate na mesma tecla nessa história. Não tenho nada contra homossexuais, possuo  a minha própria opinião, mas acredito que cada um deva encontrar sua felicidade na vida. O que não gosto é da abordagem desse assunto no livro. Aproveitando-se do fato de que o protagonista muda de sexo todos os dias, o autor se usa disso para explicar que a essência de cada pessoa é significante, sendo ela hetero, homossexual e assim por diante. Concordo. Só não acho válido falar disso o tempo todo, passar a mensagem uma vez basta.
     Indico a leitura para jovens adultos. O livro resultaria em um bom filme também! 


Trechos: "Que história é essa sobre o instante em que você se apaixona? Como uma medida tão pequena de tempo pode conter algo tão grande?"
"Uma coisa é se apaixonar. Outra é sentir alguém se apaixonando por você, e sentir-se responsável por esse amor."
"A bondade tem a ver com quem você é, enquanto a gentileza tem a ver com o modo como quer ser visto."
"O som das palavras quando são ditas é sempre diferente do som que fazem ao serem ouvidas, porque o falante ouve parte do som do lado de dentro."
"Não importa qual seja nossa religião, sexo, raça ou localização geográfica, todos nós temos cerca de 98 por cento em comum com todos os outros. Sim, as diferenças entre homens e mulheres são biológicas, mas se você observa a biologia como uma mera questão de porcentagem, não há muita coisa diferente. A raça é diferente apenas como uma construção social, e não como uma diferença inerente. E quanto à religião, quer você acredite em Deus, Javé, Alá ou qualquer outra coisa, é provável que, em seu coração, vocês queiram a mesma coisa. Por uma razão qualquer, nós nos concentramos nos dois por cento da diferença, e a maior parte dos conflitos que acontece no mundo é consequência disso."


Depressão pós-livro: 77%
Avaliação Final: 90%

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