Monday, December 8, 2014

Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo, por Leandro Narloch



Sinopse
Cintos de castidade na idade Média? Eles nunca existiram – pelo contrário, manuais de medicina da época diziam que o prazer sexual era essencial à saúde das mulheres. Milhares de crianças foram exploradas nas fábricas inglesas do século 19? Está certo, mas é interessante lembrar que a revolução industrial, pela primeira vez, tornou o trabalho infantil desnecessário. E lembra aquela história de que as guerras e a miséria na África são consequência das fronteiras artificiais criadas pelos europeus? Há quase 30 anos historiadores e economistas africanos deixaram de acreditar nela abaixo da superfície, a história não é tão simples quanto aquele professor militante costumava nos ensinar. Depois do sucesso do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil e do Guia Politicamente Incorreto da América Latina é hora de finalizar o trabalho. É hora de jogar tomates nos equívocos sobre a história do mundo.


     Este é um livro contra o sistema; digo, este é O livro contra o sistema. Leandro Narloch vai do nazismo à revolução industrial, de Dalai Lama à agrotóxicos, para trazer a tona uma forte crítica ao sistema que constrói uma imagem do mundo que nem sempre é real. Hoje os jovens crescem com uma linha de pensamento que é afetada pelos interesses daqueles no controle, e nem sempre têm acesso às informações verdadeiras, ou, às informações do ponto de vista verdadeiro.
     O autor inicia o livro de forma um tanto pacífica, visto que o primeiro assunto abordado é o Império Romano. Entretanto, as páginas vão sendo enriquecidas conforme os mitos vão sendo "desmascarados"; A vida dos samurais era tranquila até demais, eles são taxados de bêbados e fofoqueiros; Galileu era um bom católico; a Revolução Industrial acabou com o trabalho infantil; Dalai Lama nem sempre fora o mestre zen que todos conhecem; Gandhi era contra cotas, e sua influência aumentou a miséria na Índias; os Agrotóxicos salvaram florestas e bilhões de vidas...Ao tratar sobre o nazismo e o socialismo, o autor mostra que nenhum homem é completamente bom, e que a humanidade está e sempre esteve sujeita a essa natureza humana. Ou seja, independente de quem esteja no controle, ou a forma que o mesmo é exercido, essa tal natureza sempre acaba reinando. 
     O fato é que o autor se utiliza de controvérsias para apresentar um novo ponto de vista dos momentos e personagens históricos, trazendo ao leitor uma nova perspectiva. Ao meu ver, nem todas são pertinentes, contudo é válida sua discussão. Em alguns casos, Narloch distorce eventos históricos, e por conta disso não creio que o livro seja realmente um "guia" propriamente dito, mas sua mensagem geral é sim importante: nem tudo o que nos ensinam, nem tudo que é do senso comum da história é real, ou foi compreendido por nós da forma adequada; essa crítica ao sistema e sua imposição de informações é o que realmente enriquece o livro, e nesse quesito, ele não deixa a desejar em nada.
     É válido ressaltar a qualidade das ilustrações e acabamento do livro, além de uma extensa referência bibliográfica para todas as informações apresentadas.



Trechos: " Dependendo do ânimo e dos ressentimentos de uma época, o passado muda, ganha personagens, enredos e novas razões para as pessoas se sentirem magoadas com a história."
" Ao libertar as pessoas do trabalho do campo e dar força a indústrias de entretenimento, a Revolução Industrial multiplicou o número de indivíduos que poderiam se dar ao luxo de passar a vida em bibliotecas e escolas discutindo ideias - e reclamando (que grande ironia) dos terríveis efeitos do capitalismo."
"Nazismo e comunismo se tornaram, assim, lados opostos da mesma moeda revolucionária - ou "gêmeos heterozigotos", como descreve o historiador francês Pierre Chaunu. Um lado pretendia exterminar o outro, mas ambos queriam varrer a ordem capitalista para criar um mundo perfeito, sem conflitos de classe - e nenhum deles via problema em matar alguns milhões e alcançar sua versão do paraíso terrestre."
"Millôr Fernandes explicou tudo quando disse: "O comunismo é uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa, faz alterações no cliente.""



Depressão pós-livro: 70%
Avaliação Final: 75%


No comments:

Post a Comment