Saturday, May 21, 2016

Cruzando o Caminho do Sol, por Corban Addison

Cruzando o Caminho do Sol

Sinopse

Sita e Ahalya são duas adolescentes de classe média alta que vivem tranquilamente junto de seus familiares, na Índia. Suas vidas tranquilas mudam completamente quando um tsunami destrói a costa leste de seu país, levando com suas ondas a vida dos pais e da avó das meninas. Sozinhas, elas tentam encontrar um modo de recomeçar a vida. Mas elas não devem confiar em qualquer um...


     Se eu tivesse que descrever esse livro em uma única palavra, diria "poderoso". Há uma força, uma energia que percorre suas páginas que não sei exatamente de onde vem. Talvez dos mistérios do hinduísmo, do amor da fraternidade, ou da perseverança e desalento causados por uma tragédia. Esse é aquele tipo de livro  que costuma ser julgado pela capa, e acaba indo totalmente contra o que parece ser, confirmando o dito popular de que "as aparências enganam".
     Ahalya e Sita viviam uma boa vida no litoral de Chennai, no extremo sul da Índia com sua família. Seu bangalô localizava-se a 1,5 km da praia, onde sempre brincavam e passavam o tempo juntos. Numa manhã, de forma totalmente inesperada e brutal, o litoral onde vivem é atingido por um tsunami, devastando tudo o que elas conheciam como casa e proteção. Ao sobreviverem às grandes ondas com muita dificuldade, os primeiros golpes contra sua estabilidade vieram: seus pais e sua família estavam destroçados pela força das águas, seus corpos já sem vida. Dali em diante teriam somente uma à outra. A destruição de seu mundo só começara.
     Ao buscarem ajuda, foram terrivelmente enganadas e levadas para o caminho da escravidão sexual e abuso na cidade de Mumbai, a vários km de distância de Chennai, local onde a prostituição infantil é absurdamente proliferada. 
     Apoiando-se em sua fé em Lakshmi, uma deusa hindú, as jovens são submetidas a situações traumáticas e desumanas. A mais jovem, Sita, é comprada por um homem e seu destino por pelo menos dois meses resume-se em tráfico humano. 
     Enquanto isso do outro lado do mundo um advogado de uma empresa renomada, Thomas Clarke, passa por uma situação conflitante em sua vida profissional e pessoal. Sua esposa o abandonara e as peças do jogo não estavam favoráveis a ele em seu trabalho. Com os devidos encaminhamentos da vida (ou do autor), ele viaja à Índia para passar pelo menos um ano trabalhando em uma ONG que lida com o combate ao tráfico humano nas regiões mais vulneráveis da Índia. Aliado a isso, ele também pensa em resolver sua crise no casamento, visto que sua esposa é de origem indiana e agora vive novamente com a família. 
     As vidas das irmãs Ghai e de Thomas Clarke se conectam de uma forma brilhantemente traçada; enquanto as primeiras buscam desesperadamente por restaurar o que restou de suas vidas, o advogado busca um significado de fato pro que faz. Será que perder noites e fins de semana trabalhando no caso de vários clientes que prometem uma grande quantidade de dinheiro, ou em prol de um chefe que assegura uma promoção na empresa, à custo de destruir seu casamento e no fundo construir uma vida vazia, vale a pena? Será que seria o carma de Ahalya  perder sua família numa tragédia e ser explorada diariamente, além de se desesperar continuamente sobre o paradeiro de sua irmã? 
     "Cruzando o Caminho do Sol" é uma trama forte e muito bem trabalhada. E acima de tudo, levanta o debate e questionamentos sobre um dos maiores e horrendos problemas globais hoje em dia: comércio sexual de menores e tráfico humano. Admiro o autor por trazer à tona esse assunto muitas vezes evitado nas discussões internacionais, e até mesmo locais, por ser uma questão muito difícil de ser combatida e muito forte nas redes do submundo. É honrosa a capacidade que o autor teve de trabalhar esse tipo de questão, criar uma ficção que envolve o leitor absurdamente em uma aventura alucinante com um final 'esplêncido', e ainda, de conscientizar a comunidade literária sobre tais questões críticas. Mais do que interter, ele te toca. Ahalya e Sita nos mostram um mundo que a maioria de nós desconhece. Thomas nos ensina que viver uma vida vazia por um bem individual pode não ser o caminho mais certo. 
     Indico a leitura a jovens adultos e a todos aqueles que querem desenvolver uma melhor compreensão do outro. Não se arrependerão.



Trechos: "O submundo é tão grande quanto o mundo real."
" A guerra pode se vencida. Mas não colocando os traficantes atrás das grades. O tráfico vai acabar quando os homens deixarem de comprar mulheres. Até lá, o melhor que podemos fazer é vencer uma batalha de cada vez."



Depressão pós-livro: 100%

Avaliação Final: 100%

Sunday, May 8, 2016

Mar de Rosas, por Nora Roberts




Sinopse

Emma Grant é a decoradora da Votos, empresa de organização de casamentos que fundou com suas três melhores amigas de infância – Mac, Parker e Laurel. Ela passa os dias cercada de flores, imersa em seu aroma, criando e montando arranjos e buquês. Criada em uma família tradicional e muito unida, Emma cresceu ouvindo a história de amor dos pais. Não é de espantar que tenha se tornado uma romântica inveterada, cultivando um sonho desde menina: dançar no jardim, sob a luz do luar, com seu verdadeiro amor. Os pais de Jack se separaram quando ele era garoto, e isso lhe causou um trauma muito profundo. Ele se tornou um homem bonito e popular entre as mulheres, porém incapaz de assumir um compromisso. Quando Emma e suas três amigas fundaram a Votos, foi Jack, o melhor amigo do irmão de Parker, quem cuidou de toda a reforma para transformar a propriedade no melhor espaço para casamentos do estado.


    Um tanto decepcionante mas de forma alguma ruim, Nora Roberts traz em suas segunda trama da série "Quarteto de Noivas" uma história dedicada a uma das quatro amigas apaixonadas por casamentos e fundadoras da Votos, sua empresa que organiza essas celebrações. 
     Emmaline é a responsável pela organização e confecção de buquês e qualquer artefato decorativo que envolva flores, sua especialidade. Por ter crescido numa família tradicionalmente romântica e com laços afetivos muito fortes, ela sempre estabeleceu como seu ideal encontrar um amor um dia. Apesar de estar acostumada a conhecer homens diferentes, nunca teve essa área da sua vida completamente preenchida. 
     Em contrapartida, ela sempre teve uma atração secreta e internamente proibida por Jack, amigo da família e dos seus amigos há muitos anos, o que os fazia com que se vissem como irmãos muito próximos, gerando uma regra implícita de que não haveria possibilidade ética de se envolverem em um relacionamento amoroso. Dessa forma, Jack e Emma nutriam uma atração e amor platônico um pelo outro, que sempre estivera escondido.
     Na oportunidade mais remota, esse amor estourou e ambos não acreditavam no que acontecia. Sua paixão sempre fora posta na caixinha mental 'Ignorados', e de repente esse compartimento era revirado de cabeça pra baixo, e tudo saiu dele. 
     A história possui muito potencial pra tornar-se A Referência em um romance difícil, porém conquistável. Contudo, a autora manteve um ritmo muito normal no enredo, com acontecimentos de impacto medianos, não criando  uma esfera de atração no leitor. O que enriquece bastante a trama é o momento do clímax, que desta vez, fora muito bem trabalhado ganhando um destaque dos demais pontos da história.
     Considero o livro indicado para os românticos de plantão, e leitores insistentes. Em muitos momentos a história mantém uma frequência não tão estimulante assim, embora seja muito importante para a compreensão da história de vida do "Quarteto de Noivas" como um todo, que compõe a série. 


Trechos: "Para Emmaline, o romance torna as mulheres especiais. Faz com que todas sejam bonitas e transforma os homens em príncipes. Com romance, a vida de uma mulher é tão imponente quanto a de uma rainha, porque o seu coração passa a ser precioso."
"O amor pode ferrar bastante com você antes que descubra como conviver com ele. E uma vez que você descobre, fica se perguntando como conseguiu viver até ali sem ele."
"Corações partidos se curavam. Talvez as marcas ficassem para sempre, como cicatrizes, mas iam sarar. As pessoas viviam e trabalhavam, riam e comiam, andavam e falavam sem ligar para essas marcas."


Depressão pós-livro: 80%
Avaliação Final: 75%

Sunday, April 10, 2016

Recomeço, por Cat Patrick






Sinopse

Tudo começou com um acidente de ônibus. Daisy Appleby era pequena demais para lembrar — tem apenas flashes do acidente que a matou, e de ter sido trazida de volta à vida. A partir daquele momento, ela se tornou uma das catorze crianças que fazem parte de um programa secreto do governo que visa aprovar um novo medicamento: o Recomeço.


     Sem dúvidas Cat Patrick, mesmo sendo uma autora de estreia já conquistou minha estante e meu alto conceito em leituras dinâmicas e criativas. Este é o segundo livro que leio dela, tendo ele mesmo sido escrito enquanto a autora ainda terminava o primeiro, Deslembrança. Ao meu ver, o que há de mais rico em suas histórias é o enredo, sempre muito criativo. É comum encontrarmos a mesma linhagem de histórias nas estantes de livrarias e bibliotecas, e o que gosto em Cat Patrick é o fato de que ela foge dessas linhagens normais, trazendo abordagens atrativas e diferentes.
     Daisy Appleby morreu quando tinha apenas 4 anos de idade em um acidente envolvendo seu ônibus escolar. Outras 14 crianças morreram junto com ela na ocasião. Hoje Daisy acaba de se mudar para Omaha, onde começará a construir sua vida mais uma vez. 
     Daisy e as outras 14 crianças do ônibus, logo após o acidente entraram para um programa secreto do governo chamado Recomeço. Como cobaias de testes de laboratório, estas crianças foram submetidas ao medicamento de mesmo nome (Recomeço), que visa dar um fim à morte. Ao morrerem no acidente, foram 'ressucitadas' pelo remédio. O governo possui a intenção de liberá-lo a toda população, mas enquanto ele ainda está em fase de testes, é extremamente secreto e sua existência não pode ser revelada.
      Após ser picada por abelhas em sua antiga cidade, Daisy morre novamente, sobrevive graças ao Recomeço, e ela e sua família (agentes do governo) começam uma nova vida com novos nomes em Omaha. Nessa nova cidade, a jovem constrói uma forte amizade com Audrey, que se torna sua primeira amiga fora das crianças do ônibus. Ela, por sua vez, sofre de câncer, e a incapacidade de Daisy de usar o Recomeço na amiga desperta uma onda de questionamentos acerca de tudo em que ela já acreditou. 
     Ao aproximar-se da amiga e apaixonar-se pelo irmão dela, com seus novos laços Daisy passa a questionar e descobrir informações acerca do programa Recomeço que não fazem sentido, e podem por em risco tudo o que ela acreditava, e em risco toda a sua vida - neste caso, não a vida física, mas a história que ela construiu até hoje.
     Em uma aventura de descobertas e questionamentos, Daisy descobre o verdadeiro amor e amizade e o poder que eles têm em mudar nossas vidas. Indicado para todas as idades, Recomeço é uma leitura fácil, dinâmica e criativa.




Depressão pós-livro: 60%
Avaliação Final: 85%
     
     

As Consequências do amor, por Sulaiman Addonia



Sinopse

Jidá, fim dos anos 1980. Depois de turbulência política em sua terra natal, Naser, um jovem eritreu de 20 anos, foi obrigado a emigrar para a Arábia Saudita. Lá as mulheres vivem escondidas sob véus, os homens possuem plenos poderes, e a justiça dos ricos e poderosos prevalece. Naser cresceu em um clima brutal; seus menores gestos e movimentos são vigiados pela polícia religiosa, enquanto a vida é ritmada pelos sermões estridentes do implacável imame da mesquita local. Inesperadamente ele recebe uma mensagem de amor escrita por uma desconhecida. Desafiando políticos e líderes religiosos, Naser se entrega a essa paixão, arriscando sua vida se for descoberto. Uma comovente história de amor proibido, em uma Arábia Saudita efervescente e opressiva.


     Um dos livros mais surpreendentes que já li. Uma história que contraria clichés islâmicos e amores proibidos; que tem o poder de tocar em qualquer leitor apaixonado pelo amor - ou pela sagacidade em persegui-lo como seu último fim. 
     "As Consequências do Amor" foi um livro que comprei por acaso e fiz leitura conjunta com uma amiga muito querida. Primeira experiência que tenho do tipo, e que diga-se de passagem, mostrou-se ser uma estratégia muito enriquecedora.
     Naser é um rapaz eritreu que ainda quando criança foi obrigado a deixar a mãe em sua terra natal, e emigrar para a Arábia Saudita por motivos de conflitos políticos, onde passou a viver com seu tio e seu irmão mais novo. Em Jidá a vida não era fácil; os mais ricos e poderosos ditavam as leis e os civis eram controlados por um sistema de polícia religiosa que visava garantir o cumprimento das 'leis da fé' estabelecidas com base no 'Islã'. Nem perto do amor e da compaixão pregados por essa crença, esse sistema tinha a real intenção de controlar os cidadãos moradores daquela região, e seu modo de vida.
     Com um background de perdas, dificuldades econômicas, abusos sexuais e injustiças, Naser não mantinha uma forte crença na religião que lhe era imposta por seu país, mas tinha aceso dentro de si uma busca pelo amor, o qual ainda era uma incógnita. A Arábia Saudita, diferente da Eritreia, mostra-se como uma nação de dominação patriarcal, onde o valor feminino é reduzido, muitas vezes inexistente e escondido. Por baixo dos véus rigorosamente arranjados para que as feições femininas não 'provoquem os homens', as mulheres formavam um grupo paralelo à existência e predominância masculina nas lideranças e nas ruas. 
     Mesmo nesse contexto controlado por ricos, poderosos, líderes e polícia religiosa, um ato de rebeldia perante a esse sistema é realizado por uma jovem de coragem, ao deixar cair um bilhete de amor ao caminhar, aos pés de Naser. Poderia ser uma armadilha da polícia? Ou uma zombação?
     Determinado a acreditar que o amor puro poderia existir, eles começam a se comunicar por bilhetes e estratégias bem calculadas para não serem pegos. E aqui está a prova da força do amor e do quanto esta pode nos alimentar nos momentos em que mais precisamos de força. Esse foi o instante em que a história de Naser de fato me conquistou; esse jovem casal lutava para burlar esse sistema que não permitia que se vissem. De pouco a pouco foram ganhando confiança um no outro, de modo que Naser passou a vestir-se com o véu (abaya) para conseguir permissão de entrada na casa da jovem, pela ala feminina. 
     O próprio ato de se comunicarem já era um desafio e prova de amor por ele mesmo. A vida da jovem desconhecida e de Naser começava a tomar rumos que sempre sonharam ao entregarem-se a essa paixão repentina, mas agora lidam com um jogo de estratégias e audácia para não serem descobertos. A jovem, por sua vez apresenta-se como uma pensadora crítica, ao apoiar a força feminina e não baixar a cabeça para o sistema que a oprime como ser humano.
     Além de um simples amor proibido e ideologia Islâmica, esta é uma história de inteligência sentimental. E o que torna o livro ainda mais rico em seus termos, é o fato de que o autor, Sulaiman Addonia, tenha nascido na Eritreia e vivido também em Jidá, na Arábia Saudita. Muitas vezes nos deparamos com histórias que abordam esses temas polêmicos, contudo são escritas não por nativos de seus meios, mas por ocidentais, que além de serem influenciados pela visão de sua própria cultura, carregam uma bagagem alimentada por uma mídia julgadora, que ao moldarem as notícias e fatos, em conjunto, tornam quase impossível que haja imparcialidade na abordagem de assuntos delicados referentes ao estilo de vida de países africanos e do Oriente Médio. 
    Um ponto interessante é como o autor deixa claro em vários momentos da história a hipocrisia que há por trás de toda a máscara religiosa de conduta correta, existente principalmente entre o imame e seus colaboradores nas mesquitas e a polícia religiosa. Sendo ele mesmo nativo dessa região, não podemos afirmar que estas informações sejam de caráter injusto. 
     Penso que talvez esta tenha sido a própria história de vida de Sulaiman Addonia. Por que não? Enquanto estamos cercados pela mídia ocidental e concepção popular que traz a ideia de inferiorização do povo de crença islâmica, é saudável que nos cerquemos do pensamento crítico e de pesquisas de fontes confiáveis acerca desse assunto.
Sobretudo, apesar de um contexto triste, esta história nos conquista e nos puxa página após página, sendo a coragem um grande atrativo ao ser humano, principalmente quando ela lhe é necessária para viver. 
     

Trechos: " - A lei, filho - respondeu-me com um suspiro -, só é aplicada contra os pobres e estrangeiros, não serve para os ricos nem para a família real."
" E como pode afirmar que a razão para impedir as mulheres de serem governantes é que somos emocionalmente fracas e sangramos? Se ele conseguisse enxergar, poderia subir ao minarete de sua mesquita e olhar para o outro lado do Mar Vermelho na direção dos países africanos, onde muitas rainhas governaram alguns dos mais eminentes reinos que já existiram. Se alguém lesse para ele livros sobre a história desses países, ele conheceria Sabá, Cleópatra, Nefertiti, bem como saberia que o antigo reino de Núbia foi controlado por rainhas durante um período muito maior que os anos que ele tem de vida."



Depressão pós-livro: 95%
Avaliação Final: 100%



Sunday, January 17, 2016

Álbum de Casamento, por Nora Roberts



Sinopse
Primeiro livro da série Quarteto de Noivas, 'Álbum de Casamento' conta uma linda história de amor, amizade e família – e daqueles momentos imprevisíveis que transformam uma imagem bonita numa verdadeira obra de arte. Quando crianças, as amigas Parker, Emma, Laurel e Mac adoravam fazer casamentos de mentirinha no jardim. E elas pensavam em todos os detalhes. Depois de anos dessa brincadeira, não é de surpreender que tenham fundado a Votos, uma empresa de organização de casamentos bem-sucedida. Mas, apesar de planejar e tornar real o dia perfeito para tantos casais, nenhuma delas teve no amor a mesma sorte que tem nos negócios. Até agora. Com várias capas de revistas de noivas no currículo, a fotógrafa Mac é especialista em captar os momentos de pura felicidade, mesmo que nunca os tenha experimentado em sua vida. Por causa da separação dos pais e de seu difícil relacionamento com eles, Mac não leva muita fé no amor. Por isso não entende o frio na barriga que sente ao reencontrar Carter Maguire, um colega de escola com o qual nunca falara direito. Carter definitivamente não é o seu tipo. Professor de inglês apaixonado pelo que faz, ele cita Shakespeare e usa paletó de tweed. Por causa de uma antiga quedinha por Mac, fica atrapalhado na frente dela, sem saber bem como agir e o que falar. E mesmo assim ela não consegue resistir ao seu charme. Agora Carter está disposto a ganhar o coração de Mac e convencê-la de que ela é capaz de criar suas próprias lembranças felizes.


     Como uma autora altamente aclamada pelo mundo literário, Nora Roberts sempre me despertou a curiosidade sobre o diferencial de suas obras com relação à outros livros da categoria de romance, principalmente pela quantidade de obras publicadas nessa linha pela autora. "Álbum de Casamento" é o primeiro de uma série de quatro livros que trazem a história de quatro melhores amigas que se conhecem desde pequenas, e já adultas são donas de uma empresa que gerencia e organiza casamentos, a Votos.
    Fugindo da realidade predominante nos meios de mídia e comunicação que expõem o homem como líder, ou sempre com uma posição superior ou privilegiada, a série "Quarteto de Noivas" de início já me conquistou por esse detalhe que faz toda a diferença ao trazer quatro mulheres como protagonistas nas histórias. 
     Desde crianças sonhando e brincando com casamentos de mentirinha, as amigas Parker, Emma, Laurel e Mac alcançam o que o destino já previa: elas fundam a Votos, empresa de casamentos bem-sucedida no seu ramo de atuação. Estando cada uma responsável por uma área específica, todas trabalham como excelentes profissionais e melhores amigas. Mackensie, a quem "Álbum de Casamentos" é dedicado, é a fotógrafa da empresa tendo um talento nato para ângulos e iluminação. 
     Por ter crescido em uma família desestruturada com um pai ausente e uma mãe que se divorciava e casava várias vezes, Mac nunca teve muita fé no amor. Ela não acreditava que os casamentos que realizava, e as fotos dos casais felizes e animados para o Grande Dia fossem de fato algo duradouro. Sendo assim, ela nutria uma desestabilização interna, em conflitos com ela mesma e com o amor em si. Quando Carter Maguire, antigo colega de escola, aparece em seu estúdio por conta de sua irmã estar se casando pela Votos, o mundo de Mac começa a ser revolucionado e ela inicia uma busca não só pelo amor, mas por si mesma.
     Acho bastante interessante a autora ter ressaltado um ponto que acho essencial para um relacionamento: cada um deve se conhecer e confiar em si como pessoa, ser completo consigo mesmo para que então possa vir a completar outra pessoa. Buscar a outra metade não sendo um inteiro usualmente leva a conflitos no relacionamentos - não necessariamente inciais. A busca pelo eu é fundamental para se chegar ao nós.
    Carter Maguire, professor de inglês na mesma escola em que cresceu, traz uma segurança que Mac desconhecia, e a compreende e respeita seu caminho de busca por si. Eles sofrem uma atração desde os primeiros momentos em que se revêem, e começam uma história que passa por altos e baixos até chegar ao ponto da constância. 
     Apesar de a história ser cativante e sua ideia muito boa, comparada com outros livros de romance (Como a série Os Bridgertons de Julia Quinn), Nora Roberts deixou a desejar em termos de conteúdo. Um fator que pode prender bem o leitor é sua escrita leve e dinâmica. Contudo, a obra poderia ser muito mais interessante e trabalhar mais afundo as lições que traz. A ideia de trazer personagens femininos marcantes e protagonistas, e um personagem masculino nada clichê é sim uma inovação para o mercado de romance, que por convenção está estufado de linhas óbvias. Como o primeiro livro que li da autora Nora Roberts, pude apreciar mais sua escrita do que sua obra, e sustento assim esperanças maiores para os próximos livros da série. 


Trechos: "Há coisas na vida que escapam ao nosso controle. Podemos fazer disso uma festa ou uma tragédia."
"Momentos vêm e vão, pensou. É o amor que une todos eles para formar uma vida."



Depressão pós-livro: 95%
Avaliação Final: 88%




Saturday, January 9, 2016

A Linha, por Teri Hall




Sinopse
Rachel vive com sua mãe na Propriedade. O lado bom é que o lugar fica longe da cidade, onde o governo opressivo é mais atuante. O lado ruim, pelo menos para a maioria das pessoas, é que fica perto da Linha – uma porção intransponível do Sistema de Defesa das Fronteiras Nacionais, uma barreira invisível que circunda todo o país.Ela pode ver a Linha através das janelas da estufa, mas está proibida de se aproximar dela. Apesar de Rachel ter ouvido incontáveis rumores sobre os perigos que existem do outro lado da Linha, ela nunca acreditou de fato neles. Até o dia em que ouve uma gravação que só poderia ter vindo de lá. É uma voz pedindo socorro. Quem enviou a mensagem? O que sua mãe estará escondendo? E até onde Rachel irá para fazer o que acha que é certo? Com uma narrativa impressionante, A Linha investiga o esforço de uma menina para tentar atravessar – não apenas a Linha, mas as barreiras que sua mãe traçou para protegê-la.


     Futurista, misterioso, distópico. Essas características de cara já me conquistaram quando esbarrei com este livro - em uma irresistível feirinha de rua. Em seu livro de estreia, resolvi apostar em Teri Hall, com altas expectativas.
     Rachel vive na Propriedade, espaço que compreende a casa de uma senhora para quem sua mãe trabalha, e onde ela acaba tendo de viver. Sem muitas informações sobre o mundo exterior, Rachel passa a maior parte do seu tempo na Propriedade, trabalhando na estufa e auxiliando sua mãe, a mesma pessoa que a ensina e passa matérias escolares. Nelas, ela aprende sobre um governo que está lá fora e é opressor com aqueles que não podem pagar por uma liberdade maior. Guerras do passado levaram à criação de uma Linha pelo governo, que delimita todo o território dos Estados Unificados, e nada nem ninguém pode ultrapassá-la, a não ser que possua uma autorização especial. Essa estratégia de controle do governo desperta muito o interesse de Rachel pelo mundo em que vive, e principalmente por ultrapassar as barreiras que sua mãe cria para protegê-la desse tempo em que vivem. 
     Há muitos rumores sobre o que há do outro lado da Linha. Centauros? Homens diferentes? Animais deformados? Rachel é uma menina curiosa que tenta a todo tempo desvendar o mundo. Muito tempo ela passa em frente a Transmissor - espécie de TV e computador do futuro, que está presente em todas as casas, e ao mesmo tempo que é uma porta de entrada para informações, é uma saída de informações para controle e domínio. O que você pesquisa, o que te interessa, se possui atividades suspeitas, tudo é observado pelo Governo e por seus Agentes. 
     No decorrer da história Rachel empreende uma busca por entender tudo ao seu redor, e um certo dia se depara com uma mensagem vinda aparentemente do outro lado da Linha, e isso a intriga a procurar por mais pistas. Em quem ela deve acreditar? No Governo? Em sua mãe que tenta protegê-la o tempo todo? Ou talvez nela mesma?
     Este livro trabalhou comigo num formato de uma mão dupla - ao mesmo tempo que sua temática me conquistou e inclusive foi ela que me chamou a atenção desde o início, ele trouxe uma certa pitada de decepção. Talvez por ser a escrita de estreia da autora, o livro dá muito foco na história pessoal dos personagens e deixa a desejar na caracterização da ambientação em que tudo se passa, que o que o livro traz de mais interessante, e também o que é ressaltado em sua sinopse. Contudo, ainda acho válida a sua leitura por uma questão de que distopias e livros futuristas abrem nossas mentes para novas possibilidades e para a visão crítica do mundo. Da forma que a humanidade se comporta e pensa atualmente, para onde vamos? Onde vamos chegar? Questionar já é um bom começo.



Trechos: "Você não vê? Não dá para ter coragem sem ter medo. Os corajosos sempre temem. Mas, mesmo assim, fazem o que é preciso."




Depressão pós-livro: 90%
Avaliação Final: 85%